sexta-feira, 13 de maio de 2011

Confidências

Hoje mais cedo que o habitual, resolvi vir a este nosso cantinho, após uma conversa com um nosso amigo, que obviamente não divulgarei o nome, mas que me deixou a pensar em algumas coisas.
É certo e sabido que as minhas capacidades intelectuais ficam-se muito aquém do desejável, tendo até, com algum orgulho, sido apelidado de bacoco, o que não fica muito longe da verdade, quando ainda me dou ao trabalho de ler comentários do meu amiguinho, há muito desaparecido Luis Carlos e outros.
Mas vamos ao que me trouxe aqui a esta hora da madrugada.
Como é sabido, já o referi em quase todos os posts, que já se torna demasiado repetitivo, não sou sequer do Concelho de Mangualde. Acredite quem quiser. No entanto, uma frase desse meu amigo, que diz não crer nesta minha afirmação, me chamou a atenção. Foi algo mais ou menos como: "Se não o é, porque se iria importar com as pessoas de Moimenta, de uma pequena aldeia do interior?!". Peço desculpa, se não foi exactamente assim, ou se o sentido não é exactamente este. Mas, na verdade, isto é o que se tem passado em Portugal ao longo de décadas, e daí termos o País que temos actualmente.
Os Portugueses das pequenas aldeias, das grandes cidades, do interior ou do litoral, são legitimamente Portugueses. O mal é que ao longo dessas décadas os habitantes das aldeias, especialmente no interior, sempre foram tratados como habitantes de terceira categoria, e, na maioria dos casos, nem sequer considerados habitantes. Excepção feita quando há eleições ou Censos (e mesmo assim mal). Adiante.
O facto é que, para mim, Portugal vale por um todo. Da mesma forma que se me perguntarem qual o orgão mais importante do corpo humano, eu não saberia responder, porque cada um tem uma função específica, e falhando um todos os outros ficam comprometidos. Isto é o que tem acontecido a Portugal. Mas o que mais me assusta é que haja pessoas de aldeias do interior que acham que não merecem o respeito e atenção de quem não viva na sua zona. Para mim qualquer português, sem excepção, merece a mesma consideração. Seja o Presidente da República, ou o homem que varre a rua onde vivo. Exactamente o mesmo respeito.
Já o mesmo não acontece, quando haja algum português a roubar um seu igual, apenas porque se sente superior a este. O mesmo não acontece para com as quadrilhas e máfias que polulam pelos centros de poder deste País. Estes, merecem-me o mesmo respeito que uma barata, ou menos ainda. Atenção, que há excepções em todos esses centros de poder.
Mas preocupa-me que haja portugueses que pensem não serem dignos da atenção e da aliança que alguém de fora lhes ofereça, apenas porque são dum meio pequeno (acredito que não foi esta a intenção, mas foi o que ficou, para mim, implícito). Preocupa-me o que se passa em Moimenta, da mesma forma que me preocupa o que se passa especialmente em todo o interior do País, cada vez mais desertificado e abandonado, onde as auto-estradas vão dar a lado nenhum. Preocupa-me que compatriotas meus vivam com fome, sem ter o que dar de comer aos seus, enquanto administradorzecos de merda ganham 250 mil euros por mês, fora prémios e ajudas de custo. Preocupa-me ter o Alentejo abandonado, quando os seus campos podiam dar de comer a toda a população, sem depender das importações, porque máfias portuguesas e europeias vieram com a histórias da quotas de produção. Quando pescadores não ganham para a faina, porque as quotas de pesca foram impostas para termos de importar o peixe do estrangeiro, que o gado não paste nas lezíria do Ribatejo, que o Queijo da Serra tenha de ser feito, não artesanalmente, mas pelas normas da ASAE aplicando as "normativas europeias".
Preocupa-me que Portugal seja cada vez menos dos portugueses e cada vez mais das máfias instaladas, e não estamos a falar de máfias de Leste, máfias do Brasil, etc. Estamos a falar de máfias no poder por todo o Mundo.
Até que um dia acordemos para a realidade, esperemos que não tarde demais. Bem-hajam.

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